É fato!
Tudo acontece dentro do tempo em que realmente tem que acontecer. É só agora, quase quatro meses depois, que pensamos e decidimos por ter um espaço nosso na internet.
Pensar que à menos de quatro meses éramos apenas o discurso, o pensamento do que queríamos ser, não que ainda não idealizemos, pelo contrário. Trata-se de um estágio adiante. É como o famoso pensamento de Descartes "Penso, logo existo". Foi essa a nossa sequência lógica.
Ao contrário de muitas companhias e grupos de teatro, não tínhamos nenhuma pretensão fechada de qual texto devíamos montar. Estávamos abertos e livres para o novo. Começamos um belo namoro com a leitura e discussões de contos, trechos de peças e poesias que de alguma forma nos sensibilizavam. Dessa safra vieram Drummond, Clarice, Florbela, Brecht, Colasanti, João Cabral, Marta Medeiros, Caio Fernando Abreu, Fernando Pessoa e seus amados heterônimos, entre outros que deixamos escapar os nomes... uau... tivemos sim uma overdose poética.
Ao mesmo tempo que tínhamos um enorme tesão de fazer algo imediato, também tínhamos a serenidade interna de que o texto certo viria.
Fizemos dos agradáveis e poéticos encontros a chance de nos conhecermos melhor. Cada novo texto lido, um verdadeiro deleite. Sentiamo-nos privilegiados por compartilharmos tantas cumplicidades literárias.
Tivemos um noivado muito rápido. Passamos a ler textos dramáticos mesmo. E vieram Albee, Nelson Rodrigues, Jorge Andrade, Mário Bortolloto, Tennessee, Plínio... Plínio e Tennessee... Tennessee e Plínio... Vieram os filmes adaptados das obras...
...............................O sinal amarelo começou a piscar.............................................
Corações batiam mais fortes e os suores eram inevitáveis a cada desenlace das personagens destes dois autores. Esses universos divergentes e tão convergentes tiraram os nossos chãos...
Mas ainda assim não queríamos um texto pronto, fechado. Pegamos um outro caminho. Não podemos dizer que do zero porque tudo o que tínhamos lido num espaço de quase dois meses, mexeram sim conosco. Mas, naquele momento achávamos que era do zero. E sem perceber nos casamos com a promessa de sermos felizes enquanto quisermos...
Mal começamos o "casamento" e já estávamos em crise artística. E a crise era do que queríamos falar. Sobre o quê e para quem queríamos falar? Foi (e ainda é) no bar que a mente começou à inconscientemente trabalhar. E conversando, rindo, bebericando é que confessamos-nos sobre tudo: música, filmes, peças, além de notícias factuais. Até que foi lançado numa dessas conversas sobre "quais os personagens de nossas vidas e que gostaríamos de fazer?"...
Começamos então a fomentar e não é que misteriosamente as coisas aconteceram? E continuam acontecendo, claro. Decidimos que queríamos escrever, que experimentaríamos o ator-dramaturgo dentro de nós.
Não estamos dizendo que é fácil escrever, ainda mais com o pequeno detalhe: escrever à quatro mãos e duas cabeças pensantes. Se bem que podemos seguramente dizer que raríssimas foram os conflitos entre nós, e os que tiveram foram por conta de nome de personagens citados, de uma melhor marcação em rubrica. Coisa pequena mesmo, tamanha a nossa cumplicidade.
Claro que exige muito de nós, do nosso olhar e de nossa sensibilidade. Ter a inspiração é o primeiro passo e por no papel? E forçar a inspiração, então?
O caminho que escolhemos foi, no mínimo, curioso. Tínhamos a nuvem da personagem idealizada mas, faltava-nos o enredo, as ações e o diálogo. E ainda tínhamos um outro elemento: escrever e construir a personagem ao mesmo tempo. E volta a crise... Vários momentos a dona inspiração nos abandonou.
Enfim... encurtando os vários hiatos. Cá estamos nós rindo e falando de algumas passagens do nosso processo. Com a benção de Santo Antônio (dia em que fundamos a cia. em 13 de junho de 2011) é que nós da Cia. de Teatro Bamuar, na voz de Talita Felonta e Guilherme Vale, e com a participação muito especial do músico Rei Bass queremos convidar todos os amigos, colegas e público no geral para prestigiarem conosco à essa nova etapa da gestação, ainda em processo, com a leitura dramática de "À DERIVA NO SUBMUNDO".
Até logo,